quinta-feira, 28 de março de 2013

Artigo sobre os engenhos de Sta. Luzia do Itanhi - Sergipe.


OS ENGENHOS DE SANTA LUZIA DO ITANHI: UM BRAÇO IMPORTANTE NA ECONOMIA SERGIPANA (1850 - 1900)



Resumo: O objetivo desta pesquisa será verificar o surgimento do município de Santa Luzia do Itanhi e a importância de sua influência econômica e do seu desdobramento territorial, bem como analisar a contribuição da mão-de-obra escrava, à época da ascensão do açúcar  quando funcionavam os engenhos, verificando-se hoje que ainda existem descendentes de escravos no município e qual a sua representação quantitativa, biotípica, cultural e econômica. Por se tratar de uma pesquisa histórica, de base política e sociológica, a sua natureza exige uma análise documental dos dados, através de recursos bibliográficos, acrescidos da investigação dos depoimentos e relatos, para que possam proporcionar resultados significativos. Para a generalização dos dados, o estudo priorizará a amostragem aleatória, estendendo o alcance do estudo para o levantamento e sondagens em campo, considerando as suas especificidades.


Palavras - Chave: Colonização, economia, Engenhos.


INTRODUÇÃO:

Os engenhos têm sido ao longo dos anos objetos de análises e pesquisas de estudiosos brasileiros, desejosos de vasculhar os aspectos históricos que marcaram um período incomparável da nossa história. Com base nessas informações, considero de relevante importância esta pesquisa para o nosso município de Santa Luzia do Itanhi.
Analisar a importância da mão-de-obra escrava na economia de Santa Luzia do Itanhi, verificando nos dias atuais a existência e contribuição de remanescentes de quilombos para o município.
É importante ressaltar que Santa Luzia do Itanhi constitui-se uma das povoações mais antigas de Sergipe, colocando-a assim em lugar de destaque devido às suas marcas deixadas pela história, contribuindo para o enriquecimento da cultura do povo sergipano. Destaca-se a primeira missa celebrada em terras sergipanas em 28 de fevereiro de 1575 pelo padre Gaspar Lourenço e pelo auge da economia sergipana no século XVI sendo o maior produtor de farinha de mandioca da província. É no século XVII que inicia o crescimento da produção canavieira, tornando a base econômica de então Vila de Santa Luzia, hoje os engenhos ainda de pé retratam a veracidade dessa história.
Assim inicialmente tentarei evidenciar a importância do engenho na economia ao longo do processo histórico de Santa Luzia do Itanhi.

1. PANORAMA HISTÓRICO E POLITICO: 

Segundo Freire o (1977) objetivo central da conquista e ocupação estava vinculado diretamente à posição geográfica de Sergipe, pois, facilitaria a expansão econômica das fazendas canavieiras dos dois focos de colonização já estabelecidos na Bahia e Pernambuco, simultaneamente os maiores centros populacionais do Brasil, bem como favorecer a criação de gado. Nesta ocasião, as terras de Sergipe pertenciam à capitania hereditária da Bahia, e representava um perigo, não só pela presença dos franceses que tinham grandes influencia na região, mas por se constituir moradia para escravos e índios, inclusive essa área estava sob controle desses últimos que, aliados aos franceses resistiam às dominações dos portugueses ao mesmo tempo, os franceses com ajuda dos índios realizavam o contrabando do pau-brasil, sem maiores dificuldades.
O processo de violência contra os nativos sergipanos atinge seu ápice em 1590, com a expedição de Cristóvão de Barros para realizar a conquista definitiva da área, executada através do combate aos índios e a submissão destes ao domínio colonial. A partir de então começa, de fato, a ocupação de Sergipe com terras distribuídas aos participantes às expedições, ou seja, o regime sesmarias.
Em 1600 conforme SILVA (2000), a antiga aldeia de São Tomé foi elevada à categoria de povoado, com o nome de Santa Luzia do Itanhi, ficando sua paróquia pertencente à Bahia. Daí por diante, a história não informa notícias da povoação de Santa Luzia do Itanhi, nada registrada sobre o seu desenvolvimento e somente em julho de 1680, quando então retorna a mencioná-la para relatar que a sua paróquia foi separada da Bahia.  Dezoito anos após, 1698, o povoado de Santa Luzia foi elevado à categoria de Vila, por ordem do governador da Bahia Dom João Lencastro, com a denominação oficial de Vila Real de Santa Luzia, e, em 1704 a câmara de Santa Luzia do Itanhi envia um ofício ao rei solicitando a transferência da sede da vila de Santa Luzia do Itanhi para o sítio de Estância, mas o rei discorda.
 Depois de vários pedidos negados, a Câmara de Santa Luzia, em 1831, por Lei de 25 de outubro é transferida para a povoação de Estância, onde residiam quase todas as autoridades da Vila de Santa Luzia e conseguem juntamente com a Câmara Municipal transferi-la para Estância, ficando Santa Luzia reduzida à condição de um simples povoado. Somente quatro anos após (1835), uma resolução da Assembléia Provincial restaurou a sua categoria, desmembrando-a de Estância, a qual permaneceu como povoação independente.
 Entretanto, sua emancipação como município ocorreu em 1848, mediante resolução provincial de 04 de maio. Pelo Decreto Lei Estadual nº 377, de 31 de dezembro de 1943, revogado pelo de nº 533, de 07 de dezembro de 1944, foi modificado o nome de Santa Luzia para Inajaroba. Contudo, em 1948, pela Lei Estadual nº 88 de 25 de novembro de 1948, retorna a se chamar Santa Luzia, acrescido do topônimo Itanhi que significa em tupi "rio de pedras". Itanhi era o nome que os indígenas chamavam o Rio Real.
Desde a sua criação em 1575, pelos padres jesuítas, praticava-se em Santa Luzia do Itanhi a criação de gado e produzia lavoura para consumo interno e comercialização. Entre os cultivos, a mandioca ocupava destaque.

2. PRODUÇÃO AÇUCAREIRA E A CRIAÇÃO DE GADO:

No Brasil a exploração da atividade canavieira iniciou-se no século XVI, objetivando o atendimento do mercado exterior e a ocupação efetiva de grandes áreas no espaço brasileiro, como também promover surgimento de centros urbanos. A cultura da cana se prestava economicamente a grandes plantações.  A atividade agrícola de Sergipe até meados do século XVIII estava também direcionada para a criação de gado e lavouras para consumo interno e para atender ao mercado, ambas servindo para abastecer os Estados da Bahia e Pernambuco.
O gado foi à primeira atividade desenvolvida nos primórdios da colonização em Sergipe, quando era utilizado na alimentação básica e como meio de transportes entre a população trabalhadora nos centros de produção açucareira da Bahia e Pernambuco. A criação de gado determinou a economia colonial de Sergipe, contribuindo para aumentar os interesses expansionistas do capitalismo em sua primeira fase, quando o crescimento do comércio provocou a lenta desintegração das economias internacionais. Conseqüentemente, a conquista e ocupação das terras em Sergipe foi um mero capítulo da colonização brasileira pelos portugueses, que visavam expropriar os indígenas e atender as solicitações do mercado europeu, inicialmente com metais preciosos e em seguida com a cultura de produtos tropicais.
Quando iniciou o crescimento da produção canavieira em Sergipe, nos meados do século XVIII e início do século XIX, a cana de açúcar passa a ser a base da economia de Santa Luzia do Itanhi que procurou aproveitar esse novo ciclo da cana do comércio nacional, aumentando sua produção, objetivando a comercialização no mercado interno e externo.

3. ENGENHOS DE SANTA LUZIA DO ITANHI: 

Conforme LOUREIRO (1999), em Santa Luzia do Itanhi existiu sete engenhos:

"O Engenho São Felix foi fundado, em 1632, por um ancestral dos Vieira, família que até hoje administra a propriedade. Nas primeiras décadas do século XIX, era seu proprietário o Tenente-Coronel Paulo de Souza Vieira. Sua esposa, D. Joaquina Hermelinda da Costa, pois enviuvar, contrai matrimonio com José de Oliveira Leite, o Barão de Timbó. A propriedade do São Felix passa por diversos membros da família Vieira, como o Major Cizenando de Souza Vieira e sua esposa Adelaide Souza Leite. O engenho foi inicialmente movido à roda d'água, produzindo açúcar mascavo. Em 1914, tornou-se usina, passando a produzir açúcar cristal. Suas maquinas pararam entre as décadas de 60 e 70 deste século."  P.23

O Engenho Cedro possui uma das mais antigas tradições patrimoniais de Sergipe, pois sua propriedade permaneceu restrita a apenas duas famílias. "A primeira escritura do Engenho Cedro remonta a 1815, em nome de José de Bittencourt Calazans e Dona Antonia de Vera-Cruz Braque. A propriedade, por herança, passou para seu filho, o Tenente-coronel Joaquim José de Bittencourt Calazans, na primeira metade do século XIX". P.44.

O Engenho Antas teve sua primeira escritura lavrada no ano de 1825, em nome de Manoel da Trindade Braques.
"A família Costa Carvalho foi proprietário sucedânea, através de João Batista Costa Carvalho, e, por herança, de seu filho Clementino Costa Carvalho, e de seus netos, os dois sócios irmãos, Pedro Costa Carvalho e João Batista Costa Carvalho, este conhecido como Banga. O conjunto arquitetônico era composto pelo engenho, uma capela e três casas, das quais a mais antiga era assobradada, implantada no alto de uma das suaves encostas que emolduram o vale." P. 48

O Engenho de Ferro, é muito antigo e foi mantido pelos escravos. Seu primeiro dono teria sido o Major Libânio Cardoso de Menezes. Seu filho primogênito, também Libânio, foi embora de Sergipe, fixando residência no Sul do País, em Santa Catarina. Seu outro filho, João Fontes, tornar-se-ia o dono do Engenho Priapu. Herda o engenho de ferro seu terceiro filho, Alípio Fontes de Menezes, por volta de 1860. Sob a gestão de Alípio, a propriedade torna-se usina no inicio da década de 20 deste século, quando a moeda passa a operar com tração mecânica, funcionando até o inicio dos anos 50. A propriedade foi posteriormente agregada a outra, de nome Santo Antônio. A Fazenda Santo Antônio foi depois vendida à Indústria Amido Glucose S/A, sediada em Estância, e o Engenho de Ferro, ao Sr. Jorge do Prado Leite, que aí administra uma fazenda de gado. P. 77.

O engenho Priapu transformou-se em usina a vapor desde a segunda metade do século XIX e integrava, junto com o engenho Félix Independente, um complexo industrial açucareiro.O Priapu foi à penúltima usina a fechar na região sul de Sergipe, e, nos últimos dez anos, sob a propriedade da família, as terras destinaram-se à criação de gado. Com a desapropriação do Priapu, contam que a casa grande, abandonada, foi sendo aos poucos desmantelada pelos sem-terra para reaproveitamento de seu material no assentamento rural vizinho, desmantelando-se com ela, a memória de um lugar que, no passado, abrigou pujante atividade açucareira.

Do engenho São José, que antes existiam 9.000 hectares de terras e atividade produtiva com abrangência regional, hoje apenas 5% da área do antigo São José, 450 hectares, remanescem de sucessivos desmembramentos da propriedade por divisões de espólio, sendo parte explorada com criação de gado e parte ainda recoberta com vestígios de mata atlântica.

O engenho Castelo localiza-se geograficamente vizinho à cidade de Estância e justaposto à cidade de Santa Luzia do Itanhi. Na propriedade do engenho havia escola, banda de música e até um jornal, "O Pirilampo", um importante ponto de referência cultural para a época. Em 1964 a usina Castelo encerra a sua produção. Em 1989 a propriedade é vendida, a qual atualmente é explorada com pecuária. "O conjunto arquitetônico do Castelo é um dos mais preservados da memória açucareira sergipana".p. 91.
Contudo, na análise de FREIRE (1977): "no século XIX, com a decadência da indústria açucareira em Sergipe, face às condições desfavoráveis do mercado externo, leva alguns produtores de cana a desenvolverem as atividades algodoeiros e a dar destaque à pecuária que passam a ser as novas fontes de lucros em Sergipe."

Em meados do século XX, Sergipe iniciou um novo período de expansão da pecuária e das pastagens. Em Santa Luzia do Itanhi a efetivação desse novo período se processa paulatinamente, após a crise da cana de açúcar que se consolidou na década de 1960, com a substituição desta atividade pelo expansivo aumento da pecuária e da produção de coco. A partir de 1980 ao lado do coco ocorreu também a invasão da citricultura, como uma forma de reduzir os impasses gerados pela queda da produção de cana de açúcar.
Como no final do século XIX a economia de Santa Luzia do Itanhi, girava basicamente em torno da cana de açúcar, a decadência deste produto no mercado e a crescente força política e industrial de Estância ingressou Santa Luzia do Itanhi na decadência e atraso.
Outro fato a ser considerado é que na análise da distribuição da terra do município, evidencia elevado índice de concentração de terra. É um município onde observa-se um número significativo de fazendas improdutivas. As atividades econômicas desenvolvidas nas antigas fazendas de cana de açúcar estão quase que inteiramente explorando a pecuária e a produção de coco, ambas as atividades exigem ocupação de grandes extensões de terra e dispensam de muita mão-de-obra.
Hoje, os habitantes do município vivem da agricultura e pesca de subsistência, e do Fundo de Participação do Município que a prefeitura recebe. Santa Luzia, antes uma das maiores riquezas do País, é hoje um dos 50 municípios mais pobres do Brasil. Sua população estimada é de 15 mil habitantes, dos quais, 24% estão localizados na zona urbana, e os demais na zona rural. A área total do município é de 336,20 Km², e, possui 51 povoados.
Segundo os autores SANTOS E OLIVA (1998), "em Sergipe, foi no começo do século XIX que registrou-se o maior número de escravos no conjunto de sua população, o que coincide com a fase de mais rápido crescimento dos engenhos. Naquele período, os escravos chegaram a representar mais de 1/3 dos habitantes. E, apesar da sua participação nas mais diversas atividades, o trabalhador escravo foi principalmente utilizado nas tarefas agrícolas, especialmente naquelas relacionadas com o cultivo da cana e produção do açúcar. A cana-de-açúcar exigiu braços, sendo crescente a importância do africano, como mão-de-obra escrava.
Segundo LOUREIRO (1999), "abolida a escravatura, ex-escravos optavam pelo trabalho junto aos antigos donos. Esse foi o caso, por exemplo, do Engenho Cedro, onde atuais trabalhadores ainda descendem de antigos escravos de outrora." p. 9.
Também deve ser considerada a contribuição biotipológica, ou seja, cor da pele, cabelos, nariz, lábios e olhos, legada pela larga miscigenação ocorrida desde os primórdios da colonização, bem presentes nos remanescentes de quilombolas, os quais, no município de Santa Luzia do Itanhi, migraram para localidades litorâneas, que compreendem a sede do município, e os povoados: Rua da Palha, Pedra Furada, Crasto, Cajazeiras, Pedra D'Água, Bode, Taboa e Botequim, totalizando aproximadamente 9.000 habitantes.
Para os povoados acima citados, em decorrência do histórico do município, da forte da existência de remanescentes quilombolas, no dia 12 de julho de 2005, através da Fundação Cultural Palmares, conforme Registro no Livro de Cadastro Geral nº 003, Registro 270, f.76, e Portaria nº 32 de 12 de agosto de 2005, publicada no Diário Oficial da União de 19 de agosto de 2005, foi reconhecida a Comunidade Remanescente de Quilombos do Território Luziense.

Desta forma, nota-se que aproximadamente 40% da população é reconhecida como remanescente quilombola, respaldando a importância da contribuição da mão escrava no comércio açucareiro, na constituição dos sete engenhos, bem como na permanência deste povo, contribuindo na formação biotípica, econômica e cultural do município de Santa Luzia do Itanhi.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: 

Com esta breve pesquisa tentaremos recuperar e justificar-se pela necessidade que sentimos enquanto acadêmica, de aprofundar os estudos acerca do surgimento do município de Santa Luzia do Itanhi, considerando sua economia no séc. XIX, comparando aos dias atuais, bem como verificar a existência de remanescentes de quilombos, e qual a sua influência para o município.
A formação da cidadania de um povo se dar quando se conhece e valoriza as suas origens, perpetuando sua história, passando de pai para filho, de educador para o aluno e de cidadão para cidadão. Podemos conhecer a história de um povo através de livros, fotos, monumentos, artes. Para tanto é necessário um amplo movimento político e social dando estrutura e condição para conservação do seu patrimônio.
Com base nas informações aqui alcançadas, consideramos de relevante importância desta pesquisa para a construção da memória histórica do nosso município, a qual agregará valor a este trabalho e a outros que poderão vir a surgir.


Referência Bibliográfica:

FELIX, Loiva Otero. História e Memória: a problemática da pesquisa. Passo Fundo: Edinapj, 1998.

DANTAS, Orlando Vieira. O problema açucareiro de Sergipe. Aracaju: Funcaju, 2000.

FREIRE, Felisbelo Firmo de Oliveira. A História de Sergipe. 2º edição: Aracaju, 1891
 Vida Patriarcal de Sergipe. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

LOUREIRO, Kátia Silva. A Arquitetura Sergipana do Açúcar. Aracaju: Unit, 1999.

ASSIS SOBRINHO, Josué Modesto de. Reordenamento do trabalho: trabalho escravo e livre no nordeste açucareiro, Sergipe 1850/1930. Aracaju

domingo, 24 de março de 2013


Relatório de visita dos engenhos de Sergipe 


ENGENHO SÃO FELIX: 


O primeiro engenho que a turma de Historia de Sergipe II visitou fica localizado em Santa Luzia do Itanhy chamado São Felix, uma curiosa informação referente a este engenho, é que esse, teve seu auge, em meados do final do séc. XVII até o decorrer do séc. XIX. Junto ao auge do "ouro branco", o açúcar, em Sergipe. Sendo assim, dizemos que esse foi um Engenho do tipo “Banguê”, pois era 'pequeno', e que não se sustentava apenas com o cultivo da cana, mas também de alimentos de subsistência cultivados pela agricultura. Rico em muitas histórias, foi casa da família Vieira, que tinham fortes influências políticas e econômicas na província. Chegando ao Engenho, que foi erguido no ano de 1632 e é considerado o segundo engenho mais antigo de Sergipe, a  propriedade foi tombada como patrimônio do Estado em 06 de janeiro de 1984 e passou por uma recente reforma, preservando as suas características originais. Além dos móveis coloniais, a propriedade conserva a antiga senzala na parte inferior do casarão e 250 hectares com pequenos córregos, nascentes, restinga de mata atlântica e estruturas históricas como a chaminé da antiga usina. Hoje a renda gerada na propriedade vem da criação de gado, mas segundo fui informado durante essa visita, o proprietário Sr. Gilberto demonstra interesse em investir na recepção de turistas e visitantes no histórico engenho. O acesso é possível em qualquer clima, já que o mesmo se encontra muito próximo à cidade e tem a boa condição da estrada como sua aliada.

FOTOS: Acervo Particular do Historiador e Professor Lindvaldo - UFS


Fachada
Sala principal

Logo na entrada encontramos uma mesa comum daquele tempo, larga, com gavetas, e uma madeira que resiste muito bem ao tempo. 












FAZENDA CAMAÇARI: 


Ao chegarmos nesta linda fazenda, que fica localizada no município de Itaporanga D' Ajuda, fomos recepcionados pelos atuais proprietários. Dentre eles, Dona Maria Augusta, neta de Arnaldo Rolemberg Garcez. Nessa fazenda, ouvimos a palestra do Prof. Samuel Barros. Conhecedor da historia da Fazenda, o professor falou que a produção de açúcar em Sergipe, pode ser considerada tardia. A Fazenda Camaçari, um espaço de memória, referente ao ciclo do Açúcar em Sergipe.
Sobre a  história da Fazenda, o Prof. Samuel, destaca que no seu início, ela foi um Engenho, e somente com a queda do açúcar em Sergipe, é que irá se tornar fazenda, tendo como atividade principal a criação de gado. A Fazenda Camaçari é banhada pela Bacia Vaza Barris.  Destacou ainda que a primeira fonte escrita, conhecida até hoje, que faça menção á Fazenda Camaçari, se trata de um Livro de Matricula, do ano de 1807. Esse livro faz um levantamento das terras Sergipanas, que naquele período, pertencia a Bahia. Nele, está documentado que a Fazenda Camaçari pertencia à José Ribeiro Lozano. 
E somente em 1855, é que se terá registros escritos, referente a mesma.  Esse, por sua vez se trata de uma das obras de “Orlando Dantas”. Onde relata que a Fazenda Camaçari, era um dos “feudos” sergipanos, ou seja, era um dos responsáveis pela dominação da região. Nesse período, a Fazenda Camaçari pertencia ao Barão de Itaporanga sendo que em 1870, essa fazenda agora pertenceria ao Barão de Estância , proprietário também, do Engenho Escurial, isso através da partilha de bens.  Já em 1890, a Fazenda passou a pertencer a José Correia. Pouco tempo depois a Fazenda volta a pertencer a família do Barão de Estância. Onde posteriormente, João Sobral Garcez herda a fazenda após casar-se com uma bisneta do Barão de Estância. Com a morte de João Sobral, a fazenda passa a pertencer ao seu filho José Rolemberg Garcez. 

FOTOS: Karla Jamylle, discente da UFS.

Fachada bem aberta e com algumas janelas, arquitetura típica daquele tempo.












Parte da mobília da residência. A madeira bem decorada, os vasos tipicos do tempo.
















Igrejinha que fica próximo a casa, simples, pequena, mas riquissima em História.


















FAZENDA DIRA: 


Sobre a estrutura do engenho, esta sofreu muitas modificações. Mas preserva a sua capela que data do ano de 1703.  Sendo de grande importância citar que a Casa Grande só foi construída em 1770, essa a primeira casa que tinha uma estrutura colonial. Já a segunda versão, foi construída aos moldes da arquitetura neogótica. Tem na sua estrutura lapides dentro da Capela. As lapides, eram de ex- proprietários, sendo que quanto mais próximo do altar era a lapide, mais importante era a pessoa.  Quanto a casa, essa é composta por nove quartos, todos com suítes. Mostrando que a parte interna da propriedade foi completamente modificada. Sendo preservada apenas, a fachada da casa. O engenho Dira, é banhado pelo Rio Vaza Barris. O primeiro proprietário foi Antônio Theles de Menezes. Com a sua morte, durante o sec. XX o engenho pertenceu a Família Sobral, já no sec. XXI, ele passou para as mãos do Grupo Maratá.
O prof. Antonio Lindvaldo, em suas falas, citou que uma das pessoas que falam sobre o Engenho Dira, é a Arquiteta Kátia Loureiro. Ela diz que a capela é de arquitetura singela e afastada da casa grande. Já voltando a fala do professor Lindvaldo, esse menciona que os bancos ali dispostos na capela, não são do período da criação da mesma. Já que até o sec. XVIII, as missas eram celebradas em pé. Outro ponto apontado pelo professor foi a presença da imagem de São Benedito, assim como a presença da Cruz.  

FOTOS: 

Fachada principal. Pertencente ao grupo Maratá, a parte interna foi modificada, entretanto a parte externa ficou intacta.










Jardim.










A igrejinha foi construida em 1703, e a casa somente depois, em 1770. Permanece ainda preservada.











FAZENDA SANTA CRUZ;


Nesse belíssimo lugar rodeado de muitas histórias, tivemos uma boa fala da mestranda Priscila que através de suas pesquisas nos falou que a Fazenda Santa Cruz teve como seus primeiros proprietários a Família Bragança. E também nos disse que parte da mobília da fazenda, assim como alguns lustres e objetos de decoração, faziam parte do Engenho Pedras, e foram herdados pelo marido de Dona Baby. Uma informação importante para nós, é que a sala central da Fazenda Santa Cruz, tem a mesma disposição, no que se trata das mobílias, do Engenho Pedras. É  importante mencionar que Dona Baby, residiu no Engenho Pedras durante os anos de 1969 a 1971. Quanto a estrutura interna da casa, estava assim dividida: no primeiro piso se encontra as salas, alguns quartos, cozinha. Já no piso superior estão os quartos e a biblioteca da família. Quanto à mobília, sendo ornamentada com objetos de prata, cristais, coxas e telas que embelezaram toda a casa. Deixando para nós estudantes o sentimento de rememoração do passado, permitido pelo fato da preservação de objetos de memória, importantes para a formação da identidade de um povo.

FOTOS: Karla Jamylle, discente da UFS.

 Fachada principal











Mobília interna da residência.













Uma tela conservada. Era comum, as famílias colocarem quandros em suas paredes para poderem decorar suas paredes. Sinal de exuberância, e arte.

















CONCLUSÃO: 

Enfim, a viagem me proporcionou uma nova visão sobre a cultura do meu Estado inserido na formação do meu país, mostrando uma parte de sua história que é muito importante para os futuros historiadores. A valorização de nossos bens materiais e imateriais é de grande importância, já que é a nossa formação de identidade cultural que mostra a construção de nossa sociedade.